quinta-feira, 6 de novembro de 2014

DIOCESE DE FAJAZEIRAS

CENTENÁRIO DA DIOCESE DE CAJAZEIRAS (1914/15 – 2014/15)
Pe. Antonio Luiz do Nascimento
INTRODUÇÃO
Aqui vão estas anotações em vista da celebração do Centenário da Diocese de Cajazeiras. Uma visão panorâmica da caminhada histórica e religiosa da porção do povo de Deus, nestes sertões.
Esta contribuição não pretende ser um trabalho de história com feição acadêmica. Falta-lhe muito para tanto…
Trata-se de uma abordagem inspirada na história dos cem anos de fundação e instalação da Diocese de Cajazeiras. Quem sabe se não incentivará uma verdadeira e própria pesquisa sobre o assunto?
História e religião, nem sempre concordes, vão definindo a trajetória de um povo (indígenas, negros, portugueses e outros), que avança, desfraldando a bandeira da ciência e da fé.
A saga do Padre Rolim nestes rincões paraibanos preparou, sem dúvida, o terreno para a semeadura do desenvolvimento, que propiciou a criação da Diocese que, em breve, fará cem anos.
Ele, o Padre Mestre, congnominado “o sábio do Norte“, “civilizador paraibano”, “Educador de Cajazeiras” ─ misto de sábio e de santo ─ foi pioneiro, entre tantos outros, ao fundar a Escolinha da Serraria (1829) e a Escola de Cajazeiras (1836), que se transformaram no Colégio, já no ano de 1843.
Em 1915, Dom Moisés Coelho assumiu, como seu primeiro bispo, a Diocese de Cajazeiras. Em cem anos, sete bispos, sucessores dos Apóstolos, com dezenas de sacerdotes, religiosos, religiosas, agentes de pastoral, foram as testemunhas privilegiadas do Evangelho, aqui anunciado.
1 – A DIOCESE DE CAJAZEIRAS: DOS ANTECEDENTES HISTÓRICOS AOS NOSSOS DIAS
1.1 – BANDEIRANTES E PIONEIROS
  • No período colonial, foram organizadas expedições (por autoridades ou particulares) que partiram geralmente do litoral para o interior, com o fim de explorá-lo, capturar indÍgenas destinados à escravidão ou procurar minas. (─ Entradas…) Por sua vez, havia expedições armadasque, em geral, partiam de São Vicente (depois São Paulo), desbravavam os sertões, dos fins do século XVI a começos do século XVIII, a fim de aprisionar o gentio ou descobrir minas. (─ Bandeiras…)
  • Esses pioneiros e outros tantos povoadores dos sertões do nordeste foram aqui chegando e implantado a “civilização” cristã.
  • A título de informação, os historiadores concordam ao afirmar que o rio São Francisco foi o grande caminho da civilização brasileira. Das suas cabeceiras partiram bandeiras, e é daí que se expande “o impulso das minas”. Do seu curso médio e inferior se propaga “o impulso da criação”. A procura de minas e a criação de gado foram os dois maiores fatores do povoamento. “Foram bandeirantes baianos os que primeiro se fixaram nos sertões do Nordeste com suas famílias e seus gados” (cf. PIRES, p. 21-22). Já em 1670 chegou a Cabaceiras o baiano Antonio de Oliveira. Com ele vieram sacerdotes da Companhia de Jesus (Jesuítas) para a colonização dos índios (cf. id., p. 29).
  • Piancó, diz Pe. Heliodoro Pires, é o ponto terminal de três entradas: dos descendentes de Garcia d’Ávila e Francisco d’Ávila, de Domingos Jorge velho (fundador de Pianco) e de Teodósio de Oliveira Ledo (cf. p. 31).
  • “Data de 1687 o começo do povoamento de Pombal. Teodósio de Oliveira Ledo dá combate aos índios Pegas e os trata cruelmente. Desde 1689 Teodósio é o Capitão-mor de Piancó e Piranhas”, diz Pe. Heliodoro Pires, e continua: “Funda-se aí uma aldeia em 1719; o núcleo colonial é atacado por numeroso grupo de selvagens. O desespero levou os sitiados a fazer um voto a Nossa Senhora do Bom Sucesso. A crença deu-lhes forças e os índios foram repelidos com grandes perdas. (…) Em 1723 estava fundada a aldeia dos Icós, base da atual cidade de Sousa. É neste ano que Francisco de Oliveira Ledo, filho de Teodósio de Oliveira, sucede seu pai como capitão-mor de Piranhas e Piancó. Francisco continua a linha que seu pai deixara em Piancó e Pombal. (…) Conforme Coriolano de Medeiros, em 1741 após viagens feitas à Bahia, Bento Freire de Sousa obtém da Casa da Torre o patrimônio para a capela de Nossa Senhora dos Remédios” (PIRES, cf. p. 41-43).
  • Na primeira página da história de Cajazeiras deve constar a figura de Luiz Gomes de Albuquerque, “membro da célebre família dos Albuquerque de Pernambuco. (…) Foi na propriedade ou nos terrenos do Pernambucano Luís Gomes de Albuquerque que se formou Cajazeiras” (PIRES, p. 49-50).
  • Do casamento de Luís Gomes de Albuquerque e Luisa Maria do Espírito Santo nasceu Ana Francisca de Albuquerque (“Mãe Aninha”), que, por sua vez, casou-se com Vital de Sousa Rolim, pai do Padre Mestre Inácio de Sousa Rolim, fundador do Colégio que está na origem da cidade de Cajazeiras, sede da Diocese do mesmo nome.
  • No início do século XIX, a “Escolinha da Serraria” (1829), e, depois, a “Escola de Cajazeiras” (1836) se transformaram no Colégio (1843) que foi destaque, para além dos limites provincial e regional…
  • O “Colégio Diocesano Padre Rolim”, remanescente da “Escola de Cajazeiras”, é hoje o “espaço cultural” onde está instalada, e em pleno funcionamento, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras – FAFIC…
1.2 – CRIAÇÃO DA DIOCESE DE CAJAZEIRAS
  • No dia 06 de fevereiro de 1914, pela Bula Majus catholicae religionis incrementum, o Papa Pio X (hoje São Pio X, padroeiro secundário da Diocese) criou a Diocese de Cajazeiras. O documento pontifício começa reconhecendo “um crescimento acentuado da religião católica” que, “ainda há poucos anos exigira que a vastíssima Diocese da Paraíba, no Brasil, fosse dividida e dela surgisse a Diocese de Natal”. Tal crescimento tornava necessária uma nova divisão do território da mesma Diocese da Paraíba, para que nele surgisse uma “nova circunscrição eclesiástica na região brasileira, desmembrada do atual território da Diocese da Paraíba (…), a Diocese, independente e distinta de Cajazeiras, e a declaramos perpetuamente erigida”.
  • A Bula diz ainda: “Aproveitando a ocasião (…), subtraímos à autoridade metropolitana da Arquidiocese de Olinda a referida sede da Paraíba. Consequentemente, a elevamos ao grau mais elevado e dignidade perpétua da Igreja Metropolitana”. (O até então Bispo da Paraíba, Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, foi elevado a Arcebispo. A Diocese de Natal, antes pertencente à província eclesiástica de Olinda, passou a pertencer à província da Paraíba, juntamente com a Diocese de Cajazeiras.)
2. CAMINHOS DA FÉ NOS MEANDROS DA HISTÓRIA
2.1 – NAS ASAS DA HISTÓRIA
  • Na época do descobrimento, o território brasileiro pertencia eclesiasticamente àOrdem de Cristo. (Com a extinção da Ordem dos Templários, em 1312, por ordem do Papa João XXII, foi fundada a Ordem Militar de Cristo, que se fixou em Tomar, “mais concretamente no seu castelo”. Assim, Tomar viria a ser o centro originador e principal sustentador da “epopeia do descobrimento”. O Infante Dom Henrique, nomeado pelo Papa como regedor da Ordem de Cristo, viria a instalar-se no castelo de Tomar.) O Papa Sisto IV, no dia 21 de dezembro de 1481, concedia à Ordem de Cristo o cuidado espiritual das terras de ultra-mar “descobertas ou por descobrir”. Essa jurisdição espiritual era exercida pelo vigário de Tomar e prior do seu convento, com poderes episcopais, até 12 de julho de 1514, quando o Papa Leão X criou a Diocese de Funchal, na Madeira, e extinguiu a “vigaria” de Tomar. Assim, o Brasil ficou “sujeito à jurisdição do Bispado de Funchal”, que o Papa Paulo III elevou a Arcebispado, no dia 08 de julho de 1539 (cf. ANUÁRIO, A Diocese…).
  • No dia 15 de março de 1550, Júlio III criou o Bispado de S. Salvador da Bahia. Foi no reinado de D. João III.
  • Pela Bula de 05 de julho de 1614, o Papa Paulo V desmembrou do Bispado da Bahia os territórios da capitania de Itamaracá, Paraíba e Maranhão para o Norte e para o Sul até o rio São Francisco, criando a Prelazia de Pernambuco.
  • No dia 16 de novembro de 1676, Inocêncio XI elevou a Prelazia de Pernambuco a Bispado, sob o nome de Diocese de Olinda, “abrangendo os territórios dos atuais Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas e parte dos Estados do Piauí, Bahia, Goiás, e Minas Gerais”.
  • No dia 27 de abril de 1892, o Papa Leão XIII, pela Bula Ad universas orbis ecclesias, erigiu a Diocese da Paraíba, cujo território pertencia à Diocese de Olinda. A nova Diocese compreendia os territórios dos Estados da Paraíba e Rio Grande DO Norte.
  • Pela Bula Majus catholicae religionis incrementum, o Papa Pio X criou a Diocese de Cajazeiras e, pelo mesmo documento, elevou a Diocese da Paraíba a Arquidiocese… (cf. ANUÁRIO, A Diocese…).
2.2 – NAS ASAS DA RELIGIÃO
  • Organizado o território da Diocese de Cajazeiras, Pio X (hoje São Pio X), que faleceu no dia 20 de agosto de 1914, amargurado pelo “deflagrar” da Primeira Grande Guerra Mundial. Bento XV, seu sucessor, pelas Letras apostólicas de 16 de novembro de 1914, nomeou Dom Moisés Coelho, Bispo da nova Diocese.
  • Dom Moisés, “sacerdote modesto, culto e virtuoso, foi escolhido para o episcopado, quando exercia as funções de Diretor Espiritual do Seminário Arquiepiscopal da Paraíba” (SOUZA, p. 106).
  • Depois de sagrado bispo na Matriz-Catedral de Nossa Senhora das Neves, na capital do Estado, Dom Moisés fez uma longa viagem – de navio, de trem e a cavalo – de Cabedelo a Fortaleza, de Fortaleza a Iguatu, de Iguatu a Cajazeiras, respectivamente –, chegando a Cajazeiras no dia 28 de junho de 1915; “na hora do crepúsculo”, segundo o Cronista Antonio José de Souza. Na manhã do dia seguinte, 29 de junho, às 10 horas, na Matriz-Catedral, Dom Moisés Coelho “tomou posse do Governo da Diocese sob as bênçãos de Deus”. A fonte dessas informações sobre Dom Moisés e os bispos que vieram depois dele até Dom Zacarias, é o professor Antonio de Souza, segundo ele mesmo escreve, a “… testemunha de vista que assistiu pessoalmente as imponentes solenidades de posse do 1º Bispo de Cajazeiras” (p. 105).

3 – DE DOM MOISÉS COELHO A DOM JOSÉ GONZÁLEZ
  • Quando foi criada, a Diocese de Cajazeiras, diz o documento de criação, “O limite entre as duas Dioceses será demarcado pela separação das águas entre as paróquias de Santa Luzia de Sabugy e de Soledade, que alcançam as raízes da Serra do Teixeira e daí as divisas da paróquia do Teixeira com as demais paróquias de Patos e a de Piancó, nos limites do Estado de Pernambuco”.
3.1 –PRIMEIRO BISPO: DOM MOISÉS SIZENANDO COELHO (1915 ─1932)
  • Natural da Paraíba (município de Cajazeiras). Seu lema: Dominus IIluminatio Mea / O Senhor é Minha Luz. Governou a Diocese por 17 anos. “A sua ação se fez sentir com alto relevo no campo da administração espiritual, não deixando todavia de cuidar com zelo e carinhoso afeto paternal dos problemas de ordem moral e social, e sobretudo, do problema educacional” (SOUZA, p. 109). “A ação apostólica de D. Moisés, na sede episcopal, foi grande, eficiente e brilhante”, diz o mesmo autor. Apostolado da Oração, Conferência de São Vicente de Paulo, Ordem Terceira de São Francisco e Congregação das Filhas de Maria são associações “já existentes, que receberam um revigoramento extraordinário” (id., p. 109-110).
  • Criou e instalou as seguintes associações religiosas para leigos: Congregação Mariana, para moços; Circulo Operário São José, para operários; Mães Cristãs, para as mães de família; União de Moços Católicos para homens e rapazes; e Legionários de São Luiz, para meninos e adolescentes. E o Cronista arremata: “Estas associações transformaram substancialmente a vida social e religiosa de Cajazeiras” (p,110).
  • O apostolado de Dom Moisés “não foi menos eficiente e brilhante” no campo educacional e em outros, como pode ser constatado, a seguir.
  • Restaurou o Colégio Diocesano Padre Rolim.
  • Criou e instalou a Escola Normal, “cuja direção entregou às Irmãs de Santa Dorotéia”.
  • Encampou o jornal semanal O Rio do Peixe, fundado pelo Dr. Ferreira Júnior, que se tornou o “Órgão oficial do Governo da Diocese”.
    • Fundou a Caixa Rural de Crédito Agrícola.
    • Construiu o Prédio Vicentino, “para escolas de letras e artes”.
    • Construiu o Palácio Episcopal “e manteve durante 17 anos que esteve à frente do Governo Diocesano um serviço de assistência social aos pobrezinhos da cidade, com distribuição de esmolas em víveres e dinheiro, todas as quintas-feiras, na própria residência episcopal”. (Em abril de 1932 foi transferido para a capital do Estado, “como coadjutor do Arcebispo metropolitano da Paraíba” cf. ib.).
3.2 – SEGUNDO  BISPO:  DOM   JOÃO    DA    MATA     ANDRADE  e  AMARAL (1934 ─ 1941)
  • Natural de Pernambuco. Seu Lema: Pasce Agnos Meos / Apascenta Meus Cordeiros.  “Homem extraordinário e sacerdote verdadeiramente apostólico foi D. João da Mata Amaral”. Em 7 anos, a vida religiosa da comunidade cristã recebeu novo impulso. “O maior e o mais arrojado feito de D. Mata no setor social e religioso foi a realização do 1º Congresso Eucarístico Diocesano. (…) E assim, D. Mata, em 1939, comemorou com toda sua Diocese, a passagem da data das Bodas de Prata, rememorando a criação da Diocese e posse do seu Primeiro Bispo” (SOUZA, p.110 e 111).
  • Em segundo lugar, vem a Obra dasVocações Sacerdotais. A organização da Ação Católica foi outra iniciativa do 2º Bispo, “tendo D. Mata  construído  a  sua  sede  própria” (p.111).
  • Era Dom João da Mata “dominado pela ideia do desenvolvimento”. Na sede episcopal, reconstruiu o Colégio Diocesano Padre Rolim, “ficando um edifício imponente, com dois pavimentos, cuja direção foi confiada aos padres salesianos”. Reconstruiu o Ginásio Escola Normal Nossa Senhora de Lourdes, “também com dois pavimentos”. Reconstruiu o Prédio Vicentino. Construiu o Hospital Regional de Cajazeiras, depois encampado pelo Estado. Iniciou a construção da nova Catedral “e concluiu o acabamento do Palácio Episcopal”.
  • Em  outras cidades  da  Diocese, criou e instalou  os educandários:
  • Colégio Diocesano de Patos;
  • Colégio Diocesano de Catolé do Rocha;
  • Escola Normal Francisca Mendes, em Catolé do Rocha;
  • Escola Normal de Itaporanga;
  • Escola Normal de Princesa Isabel;
  • Escola Normal de Santa Luzia do Sabugi (Souza, p.111 e 112).
3.3 – TERCEIRO  BISPO: DOM HENRIQUE GELAIN  (1945 ─ 1948)
  • Natural do Rio Grande do Sul. Seu lema episcopal: In Corde Regnes Omnium / Reines no Coração de Todos. Por 4 anos esteve à frente da Diocese. “Prosseguiu a construção da Catedral, cuja imponente torre de 52 metros de altura é obra exclusiva de sua administração, deixando o prédio da Catedral em fase de acabamento” (SOUZA, p. 112).
  • “A sua obra mais importante foi a criação e instalação da Congregação das Irmãs Missionárias Carmelitas, cuja casa Mãe tem sua sede nesta cidade, com o nome de Monte Carmelo” (ib.).  (Segundo Irmã Maria Sineide Almeida Ângelo, Geral da Congregação das Irmãs Missionárias Carmelitas, a Madre Carmelita reúne em torno de si um grupo de cinco jovens, em Cajazeiras. Frei Casanova, por sua vez, reúne um grupo de cinco jovens, em Princesa Isabel. Dom João da Mata propõe a união dos dois grupos. Madre Carmelita deixa Cajazeiras e vai para Princesa, reunindo-se ao grupo que lá existia. A fundação aconteceu no dia 25 de março de 1938, no governo de Dom João da Mata. No dia 31 de maio de 1948, Dom Henrique Gelain “Transferiu o noviciado e a sede da Congregação para Cajazeiras, no antigo Prédio São Vicente”.)
3.4 – QUARTO  BISPO:   DOM   LUÍS   DO   AMARAL   MOUSINHO  (1948 ─1952)
  • Natural de Pernambuco. Lema episcopal: Consentire Romano Pontifici / Aderi ao Romano Pontífice. “Dotado de uma inteligência privilegiada, era portador de uma sólida cultura. (…) A obra de D. Mousinho foi intensa e eficaz”.
  • “Criou e manteve um curso de Pré-Seminário anexo ao Colégio Diocesano de Patos. (…) Conseguiu do então Prefeito Arsênio Araruna (…), a doação pela Prefeitura de um terreno bastante grande, para a construção do Seminário Diocesano, cujo Prédio deixou em fase de acabamento” (SOUZA, p. 112).
3.5 – QUINTO  BISPO:  DOM   ZACARIAS   ROLIM   DE   MOURA  (1953 ─1990)
  • Natural do Ceará (município de Umari). Escolheu como lema: Veritas et Vita / Verdade e Vida. “Com o fim de dar ampla e eficiente assistência religiosa aos seus diocesanos, D. Zacarias tem promovido, tanto na sede da Diocese, como nas paróquias do Bispado, intensa pastoral, realizando visitas pastorais, santas missões, com a celebração das festas religiosas de consolador proveito para a vida espiritual do rebanho que Nosso Senhor lhe confiou”. (ib.).
  • Durante o governo episcopal de Dom Zacarias foi criada a Diocese de Patos, com o desmembramento do grande território da antiga Diocese de Cajazeiras… Novas paróquias foram criadas no que restou da antiga Diocese… A seguir, outras realizações de Dom Zacarias.
  • “Terminou a construção do Seminário” e “concluiu a Catedral”.
  • Instalou em Cajazeiras o “Mosteiro das Freiras Concepcionistas” (Irmãs da Imaculada Conceição).
  • Instalou 2 (dois) Colégios em Pombal, 2 (dois) em Itaporanga e 1 (uma) Escola Normal em Sousa.
  • “… tem ampliado consideravelmente o patrimônio da Mitra Diocesana, ao ponto de se notar que a Diocese de Cajazeiras, que era antes da administração de D. Zacarias, uma Diocese paupérrima, é hoje uma Diocese rica em bens materiais”. Continua  o Cronista:
  • “E a obra gigantesca do governo Episcopal de D. Zacarias é a instalação da Rádio Alto Piranhas, que será inaugurada por ocasião das festas cinqüentenárias a 5 de agosto próximo, com sede própria”. (Quanto à inauguração da Rádio, só aconteceu no dia 1º de julho de 1966. Na crônica radiofônica de 1° de julho de 1969, assim se expressa o professor Antonio de Souza, na obra citada, p. 173: “Um acontecimento de alta importância para a vida social, econômica e cultural desta cidade, marcou, nos anais de Cajazeiras, naquele dia 1° de julho de 1966, o aparecimento de uma força nova, movida pela técnica e pela ciência, a qual viria servir para impulsionar a máquina do desenvolvimento e da civilização desta região dos sertões do Oeste da Paraíba”. (A Rádio Alto Piranhas manteve por algum tempo as “escolas radiofônicas”. Agregado à Rádio, funcionou o Cine Apolo XI. (Até aqui, as informações do professor Antônio de Souza sobre a Diocese de Cajazeras, por ocasião do Ciquentenário de sua criação.)
  • Já no ano de 1965, veio à luz, assinado por Dom Zacarias, o Estatuto da Fundação de Ensino Superior de Cajazeiras – FESC, mantenedora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras – FAFIC. A FAFIC foi pioneira na implantação do ensino superior no sertão… Na sua primeira fase, a Faculdade funcionou com 6 (seis) Cursos: Filosofia, Letras, História, Geografia, Estudos Sociais e Ciências. Hoje, com 4 (quatro) Cursos: Filosofia, Serviço Social, Ciências Contábeis e Direito, a FAFIC é a legítima continuadora da missão educacional do Padre Mestre Inácio de Sousa Rolim. (Os Cursos oferecidos pela FAFIC ─ menos o de Filosofia ─ foram, oportunamente, encerrados e, ato contínuo, criados pela UFPP, dando vez ao ensino público e gratuito.)
3.6 – SEXTO BISPO: DOM MATIAS PATRÍCIO DE MACEDO (1990 ─ 2000)
  • Natural do Rio Grande do Norte. Seu lema episcopal: Omnes Habeant Vitam / Todos Tenham Vida.
  • Característica de Dom Matias foi a caridade pastoral… Cuidou das vocações ao ministério presbiteral com carinho paternal… Marcou presença constante nas paróquias da Diocese… A cura pastoral dos casais cristãos foi uma de suas preocupações. O Encontro de Casais com Cristo (ECC) recebeu grande atenção de Dom Matias.
  • Conseguiu, junto ao MEC, a reativação do Curso de Filosofia da FAFIC. Como presidente da FESC criou os cursos de Ciências Contábeis e de Agronomia, em Pombal, depois transferidos para a UFCG, já no governo de Dom José González Alonso.
  • Dom Matias idealizou e iniciou a construção do Centro Diocesano de Pastoral, deixando-o em funcionamento.
  • Iniciou a construção do Lar Sacerdotal, no espaço da antiga Rádio Alto Piranhas/Cine Apolo XI.
  •  A realização do 2° Congresso Eucarístico Diocesano, em 2000, coroou o pastoreio de Dom Matias, já no apagar das luzes de sua administração episcopal, à frente da Diocese de Cajazeiras.
  • Criou e iniciou o Curso de Teologia para agentes de pastoral (leigos e outros). No ano de 2000, foi nomeado Bispo da Diocese de Capina Grande-PB, de onde foi transferido para Natal-RN, como Arcebispo daquela circunscrição eclesiástica.
3.7 – SÉTIMO   BISPO:    DOM    JOSÉ    GONZÁLEZ    ALONSO  (2001 – …)
  • Espanhol de nascimento, seu lema episcopal Fides et Vita / Fé e Vida é a marca e expressão de sua atividade pastoral, no serviço à Igreja que está em Cajazeiras. Sua posse aconteceu  no dia 21 de agosto de 2001, festa de São Pio X.
  • A pastoral familiar vem sendo conduzida por Dom José com particular dedicação.
  • A pastoral litúrgica tem merecido de Dom José especial atenção. Preparou o espaço celebrativo da Catedral (mesa da palavra, altar do sacrifício, fonte batismal, sala da reconciliação, capela do Santíssimo, incentivando a fazerem o mesmo as paróquias que ainda não o tinham feito.
  • Concluiu os trabalhos de construção do Lar Sacerdotal Dom Zacarias, dotando-o das condições necessárias para bem atender os sacerdotes.
  • Ampliou o Centro Diocesano de Pastoral, dando-lhe maior funcionalidade.
  • Preparou o espaço para o funcionamento do Curso de Teologia para agentes de pastoral, nos limites da FAFIC e do Centro Diocesano de Pastoral, o que resultou no Instituto Teológico Pastoral – ITEPAS.
  • Como presidente da FESC, trouxe para a FAFIC 3 (três) novos Cursos: Serviço Social, Ciências Contábeis e Direito. Estes Cursos e o de Filosofia somam 4 (quatro) Cursos, em pleno funcionamento, sob a direção de Pe. Agripino Ferreira de Assis. (Em fevereiro deste ano de 2011, a FAFIC recebeu a visita do MEC, que lhe aplicou a nota máxima.)
  • As pastorais sociais são outra preocupação do seu ministério episcopal. No antigo Prédio Vicentino, Dom José preparou e instalou o Centro de Promoção Humana e Social – CEMPROHUSO, com a finalidade de garantir espaço e estrutura para funcionamento das Pastorais Sociais e outros serviços.
  • A informatização dos serviços é um dos objetivos da administração diocesana, em vista de uma comunicação eficiente, rápida e transparente.
  • Dentro do novenário de anos, rumo ao Centenário da Diocese, em 2014/15, Dom José fez a abertura oficial do tríduo preparatório do grande evento, ponto de apoio e trampolim para a nova arrancada missionária que desponta no horizonte. Ao apresentar os resultados da 32º Assembléia Diocesana de Pastoral, celebrada de 09 a 11 de dezembro de 2010, assim se expressou Dom José: “Assumindo o Tríplice Múnus da Evangelização: Ministério da Palavra, da Liturgia e da Caridade, escolhemos como Prioridade Pastoral no Triênio Rumo ao Centenário a Palavra em 2011, a Liturgia em 2012 e a Caridade em 2013”.

 CONCLUSÃO
Nos últimos cem anos de sua criação e instalação, a Diocese de Cajazeiras fincou as raízes da fé apostólica e marcos de cultura, nestes rincões sertanejos. Passado e futuro se dão as mãos, na encruzilhada do presente carregado de esperança e de experiência vivida, fazendo história, na trilha dos bandeirantes e pioneiros.
A obra educacional realizada pelo Padre Rolim, que “repercutia em toda a região sertaneja e em alguns municípios das Províncias do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco”, resultou na fundação do Colégio, em 1843 (cf. LEITÃO, p. 48). O pioneirismo do Padre Mestre Inácio de Sousa Rolim inspirou o surgimento de muitos outros “educandários” no território da Diocese, quais farois de ciência e fé.
A Rainha dos Apóstolos, invocada como Nossa Senhora da Piedade, a quem Padre Rolim e Mãe Aninha dedicaram a capela que construíram, onde depois foi edificada a primeira Catedral, abençoe a Diocese de Cajazeiras e a oriente nos caminhos da nova história, anunciando o Evangelho, no seguimento de Jesus Cristo, que é o mesmo, ontem e hoje, e será sempre o mesmo (cf. Hb 13,8).
BIBLIOGRAFIA
 ANUÁRIO Estatístico da Diocese de Cajazeiras (1915-1932).
João Pessoa: A Imprensa.
LEITÃO, Deudedit. O Educador dos Sertões ─ Vida e Obra do Padre Inácio de Sousa Rolim. Teresina: Estado do Piauí, 1991. (Com “introdução” de Sebastião Moreira Duarte.)
PIRES, Heliodoro. Padre Mestre Inácio Rolim ─ Um trecho da colonização do Norte brasileiro e o Padre Inácio Rolim. 2. ed. atual., com introdução e notas de Sebastião Moreira Duarte. Teresina: Estado do Piauí, 1991.
SOUZA, Antonio José de. CAJAZEIRAS nas Crônicas de um Mestre-Escola. João Pessoa: Universitária, UFPB, 1981.

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